Na noite de Natal
Não tinha brinquedos,
era pobrezinho;
não tinha dinheiro,
nem tinha carinho.
Vivia sozinho
já não tinha Mãe
não tinha família
nem tinha ninguém.
Dormia à chuva
dormia ao relento
Cheiinho de medo
do sopro do vento...
Viu muitos brinquedos
e não se interessou
mas viu um presépio
que o encantou.
E quis fazer um
para o seu Natal
e muito contente
correu ao pinhal.
Não tinha dinheiro,
mas tinha uma ideia:
apanhar pedrinhas,
musgo e areia.
No próprio pinhal
num louco vaivém
fez o seu presépio
Como o de Belém.
Ambos pobrezinhos
mas cheios de amor
são estes presépios
que têm valor...
Não sentia fome
nem tinha cear
não tinha candeia
mas tinha luar.
Enquanto na aldeia
era a consoada
ele tinha o presépio
não tinha mais nada.
E triste chorou
pelo seu destino,
já tinha presépio,
não tinha Menino...
Mas à meia-noite
ele viu uma luz
e no mesmo instante
surgiu-lhe Jesus.
Fernando Cardoso
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